APRESENTAÇÃO
Entre agosto e dezembro de 2012, estive em residência no Atelier Real, através do Edital de Intercâmbio e Difusão do Ministério da Cultura. No início da residência assistida, participei do workshop Handling_Tools, no contexto do projeto AND_Lab. Após o workshop, tive um encontro com João Fiadeiro e Fernanda Eugenio, para que eles pudessem acompanhar minha pesquisa. Durante nosso encontro ficou claro que, pelo fato do trabalho estar numa fase muito inicial, minha questão era ainda pouco clara. E também, que os “comos” que eu conhecia e praticava até aquele momento eram diferentes dos “comos” praticados no âmbito do projeto AND_Lab. Assim, continuei trabalhando individualmente em estúdio, praticando o que havia sido vivido por mim nos workshops. Este período foi fundamental para que eu pudesse clarificar a questão que tinha comigo naquele momento, em torno da pergunta “como viver junto?”. No mês de novembro participei de outros três workshops oferecidos pelo AND_Lab: Handling_Party, Handling_Tools e Handling_Craft. Neste último – plano do Modo Operativo AND que trata de “confrontar a alteridade em si mesmo, explicitando, desdobrando e entrando em relação de manuseamento com a multidão de pessoas e afetos que povoam cada um”, trabalhamos diretamente com o afeto de cada participante do grupo, e a passagem deste afeto para um artefato.
O vídeo que desenvolvi durante e após a residência, parte de uma conversa com o coreógrafo e co-diretor do AND_Lab, João Fiadeiro, e de um percurso feito a pé pela cidade de Lisboa. O objetivo destas filmagens era que se pudesse ativar um delay – um modo de estar no mundo onde o tempo de resposta ao que acontece é maior do que o tempo “usual” da maior parte das pessoas. O delay percebido como matéria. Olhando os dois quadros, vê-se uma série de co-incidências que explicitam a relação do delay com o fluxo intenso e contínuo da rua. Nos quadros seguintes, esta relação é alimentada através de diversos percursos pela cidade de São Paulo.